Minha singela opinião que eu coloquei no meu blog faz um tempo.
"A melancolia, a irresponsabilidade, a insatisfação geral, os computadores, a sociedade, o amor, a morte. Tudo isso, foi de alguma forma, mesmo que implícita, citada nesse disco.
É difícil supor ou imaginar a dimensão que Thom Yorke (Vocalista do Radiohead) tinha dessa obra antes de lançá-la, mas é fácil saber de sua repercussão. “Ok Computer” entra fácil em qualquer lista de grandes discos de todos os tempos, como a lista da revista Rolling Stone, da Time e de vários livros, como o “1001 Discos para Ouvir Antes de Morrer”, de Robert Dimery.
A priori, o disco até pode ser um pouco difícil de ser ouvido. As canções realmente um pouco diferente do ‘normal’, fazendo com que só possa ser apreciada por ouvintes atentos, que com certeza recebem uma grande recompensa.
Começado em altíssimo nível, “Airbag” já começa com o anúncio, pretensioso, mas cumprido, de que “Em uma explosão interestelar, eu volto pra salvar o mundo”. Isso só abre as portas para talvez a melhor canção do Radiohead já lançada, “Paranoid Android”. Um épico de 6:23 minutos que resume todo o álbum, e que merece ser ouvido indefinidamente, com suas maravilhosas iterações de “Eu posso até ser paranóico, mas não um andróide”.
“Subterranean Homesick Alien”, numa clara alusão à canção “Subterranean Homesick Blues”, de Bob Dylan, continua no mesmo nível de “Paranoid”, com guitarras sendo distorcidas durante toda a canção. A quarta faixa, “Exit Music (For a Film)”, foi composta especialmente para o filme Romeo e Julieta, a pedido de Thom, e bem, a faixa tem realmente um clima de final de filme.
“Let Down” é outra jóia nessa sucessão de obras-primas sonoras. Na descrição do próprio Thom Yorke: “um dia eu estava num clube, e de repente tive a idéia mais engraçada que passou pela minha cabeça em anos - e se todas as pessoas que estivessem bebendo fossem seguradas pelas garrafas… se todas as garrafas fossem seguradas por um fio ligado ao teto, e não houvesse chão, e a única coisa que mantivesse todas as outras coisas de pé fossem as garrafas? É também sobre o enorme medo de ser enganado”. Sem comentários adicionais.
“Karma Police”, além de ter gerado um sensacional videoclipe, é sem dúvidas, a segunda melhor canção de “OK Computer”, atrás apenas e “Paranoid Android”, e olhe lá. E também resume tudo o que o final do século passado foi, com suas ideologias de futuro, de máquinas, e de sociedade. Como citado logo no início da canção: “Polícia do Karma, prenda este homem, ele fala em matemática, ele zumbe como uma frigideira, ele parece um rádio fora de sintonia”.
“Fitter Happier”, com dirtito a uma voz digital de Thom Yorke, flui rápido, dando espaço para “Electioneering”, talvez o grande resquício do que era o Radiohead pré-Ok Computer. Mas o banho de água congelante vem logo depois, com “Climbing Up The Walls”, talvez a mais calma canção do disco, junto com “No Surprises”, que vem logo em seguida.
Fechando com chave de ouro, “Lucky” e “The Tourist” dão um clima próprio e independente ao final do álbum, sem em nenhum momento induzirem à idéia que foram colocadas ali para encher o disco.
“OK Computer” é um disco mágico, essencial, e único. Se hoje você ouve Coldplay, Muse, TV on The Radio, além de outras bandas que surgiram de 2000 pra cá, agradeça ao Radiohead. Ou melhor, agradeça a “OK Computer”."