[2003] Hail To The Thief

HAIL TO THE THIEF

Produzido por Nigel Godrich
Lançado em 26/05/2003


FAIXAS:

01 2+2=5
02 Sit down, stand up
03 Sail to the moon
04 Backdrifts
05 Go to sleep
06 Where i end and you begin
07 We suck young blood
08 The gloaming
09 There there
10 I will
11 A punch-up at the wedding
12 Myxomatosis
13 Scatterbrain
14 A wolf at the door

Resenha
por Alex Barsan

Como sexto disco da gloriosa carreira do Radiohead, Hail To The Thief, já começa com alguns sons de guitarras ao fundo sendo plugadas, numa indicação de que aos poucos a fase (eletrônica) da banda iria acabar. Ao ouvir o dedilhar dos primeiros acordes de 2 + 2 = 5, começa lenta, dando uma idéia de fábula, para depois embalar com guitarras ensurdecedoras e os solos delirantes no bom e velho estilo Jonny Greenwood, é possível perceber que existe um “quê” de protesto, pois nas entrelinhas, algumas letras deste álbum vão apresentando um Thom Yorke sarcástico e cheio de alusões ao seu descontentamento com a desordem mundial, e com o então presidente americano George W. Bush e o primeiro ministro britânico, Tony Blair (“Não questione minha autoridade ou me coloque em julgamento”, diz um trecho da letra). Em seguida, vem Sit Down, Stand Up, que até lembra aquela brincadeira de criança chamada “Vivo ou Morto”, só que aqui ela aparece como uma espécie de mantra, bem hipnotizante, onde a frase-título é repetida diversas vezes pelos vocais e alguns instrumentos, até finalizar com um ritmo mais acelerado.


Em Hail To The Thief o Radiohead mostra toda sua versatilidade, quando volta ao clima sombrio e simplista em algumas faixas, com várias camadas de guitarras distorcidas, sons esquisitos e vozes que se entrelaçam nas músicas, de forma despretensiosa e que nos revela como a banda sabe ir de um extremo a outro musicalmente, sem perder o controle, sem distorcer a beleza de suas canções recheadas de energia e entrosamento, além de um nível elevadíssimo no domínio sobre as harmonias e um jeito visceral de reproduzi-las. Tem o tribalismo e a visceralidade de There There e The Gloaming – da galeria de clássicos da banda –, alguns resquícios dos experimentos realizados em Amnesiac, quando a banda volta a brincar com um som eletrônico para abordar o tema medo em Backdrifts, Go To Sleep vêm com uma pegada bem interessante trabalhando nos violões de forma virtuosa e segura. Where I End And You Begin é embalada por um baixo arrebatador acompanhado de uma bateria alucinante, Colin e Phil preparam o clima perfeito para Ed, Thom e Jonny completarem a viagem formidavelmente. Sail To The Moon e I Will seguem com um toque de introspecção e lirismo. Assumidamente vampiresca e talvez a faixa mais sombria da banda em todos os tempos, We Suck A Young Blood entra com um piano sinistro, palmas e um contrabaixo bem paranóico. Punchup At A Wedding lembra muito Come Together dos Beatles e parece uma espécie de reggae eletrônico. Myxomatosis é harmonicamente complexa, mas, com uma simplicidade intrigante e guitarras cujas notas parecem estar sendo tocadas ao contrário, a bateria segue num ritmo cadenciado, coberto de sons que são repetidos incessantemente. Scatterbrain, - certamente uma das músicas mais bonitas do Radiohead - vem embalada por uma batida de bossa nova. Parece que ela foi feita inspirada pela admiração do Ed pelo Brasil numa letra que faz alusão à bala perdida (“Um alvo móvel num fogo cruzado”). Fechando, A Wolf At The Door parece uma valsa sombria em que Thom descarrega toda a loucura que ele vê de um mundo caótico e sem sentido, cheio de oportunismo e atitudes paranóicas. Há quem diga que é uma espécie de rap pela forma de cantar do Thom.


Outros destaques são os vocais de Ed O’Brien e da guitarra frenética, intensa e desconcertante de Jonny Greenwood. Thom Yorke mergulhou fundo em novas incursões vocais. Sua voz parece mais solta, dá uma impressão de faltar qualquer tipo de preocupação com as melodias, ele traz uma irregularidade vocal de propósito, mostra domínio e brinca com a melodia sem comprometer os arranjos e com um clima de liberdade e intimidade total com as músicas.


Lançado em junho de 2003 e considerado como um álbum “preguiçoso” por alguns críticos e mesmo fãs, que esperavam algo na mesma linha dos discos anteriores, Hail To The Thief. já indica pela capa, cheia de citações iconográficas, que parece ser uma espécie de “colcha de retalhos” com uma seqüência de músicas arrastadas, porém, a banda ainda mostra muito ritmo, criatividade e bastante fôlego para nos conduzir ao transe total.
Uma dica: se você for ouvir o disco pela ordem das músicas e tiver a impressão de que o clima do disco cada vez mais lento e agonizante, a dica é ouvir em blocos ou aleatoriamente e mergulhe de cabeça.

Boa diversão!!

O melhor album de todos!! **

"A Wolf At The Door parece uma valsa sombria em que Thom descarrega toda a loucura que ele vê de um mundo caótico e sem sentido, cheio de oportunismo e atitudes paranóicas"
Adorei isso!

Acho que foi a primeira vez que vi uma grande resenha do HTTT!
Parabéns, Barsan!!

o Barsan arrasou mesmo
nas duas resenhas que fez

Muito obrigado, vcs são muito gentis!!

Gentis?
Não é só isso, cara... Você arrasou nessa!!

Bem bonita mesmo, barsan.


Assumidamente vampiresca e talvez a faixa mais sombria da banda em todos os tempos, We Suck A Young Blood entra com um piano sinistro, palmas e um contrabaixo bem paranóico.

uma das minhas canções favoritas.

ps: não fiz a citação pq não tá abrindo nada aki no pc.......

Valeu Mat, que bom que gostou!!

Arrasou Barsan !!

Rafa-RH escreveu:

[u]A Wolf At The Door parece uma valsa sombria em que Thom descarrega toda a loucura que ele vê de um mundo caótico e sem sentido, cheio de oportunismo e atitudes paranóicas.

Disse tudo que eu penso

Sem duvida o Album mais viajante.

Sem dúvidas, eu discordo de você!

Sem Duvidas nao do a minima pra sua Opniao!

não sei se é a mesma coisa que o Barsan quis dizer, mas pra mim, A Wolf At The Door é sobre a fase de separação de um casal no qual o marido espanca a mulher.
_Don't you dare.(o marido, machista, tenta dominar a mulher, torna-lá submissa à ele)
_Calls me on the phone
Tells me all the ways that he's gonna mess me up
Steal all my children(muitas esposas recebem ameaças de seus maridos espancadores, ainda mais sobre levar todos seus filhos embora)
algumas pessoas diriam que para que o tal lobo roubasse as crianças elas teriam que não ser dele, mas roubo pode significar pegar algo que não é seu ou pegar algo que é de outra pessoa.
ex: digamos que sou divorciado, tenho um filho e eu vou me mudar para outro país, mas minha ex-esposa vai continuar no Brasil, mesmo o filho sendo meu, seria como um roubo se eu levasse-o para morar comigo sem que minha ex-esposa concorde, pois o filho também é dela.
_Let me back let me back
I promise to be good (mesmo sendo maltratadas, muitas das mulheres que sofrem violência doméstica ainda se sentem apaixonadas e muitas vezes caem nesse negócio de "I promise to be good")
_But I'll never see 'em again
If I squeal to the cops.(Oh! seu eu chamar a polícia eu não vou vê-lo nunca mais!...a princípio isso parece ser uma coisa boa, mas como eu já disse, talvez ela ainda esteja apaixonada e isso faça ela ainda não ter chamado a polícia).
sei lá...essa música pode significar mil coisas. esse é só o meu ponto de vista

Pedro Camargo escreveu:

não sei se é a mesma coisa que o Barsan quis dizer, mas pra mim, A Wolf At The Door é sobre a fase de separação de um casal no qual o marido espanca a mulher.
_Don't you dare.(o marido, machista, tenta dominar a mulher, torna-lá submissa à ele)
_Calls me on the phone
Tells me all the ways that he's gonna mess me up
Steal all my children(muitas esposas recebem ameaças de seus maridos espancadores, ainda mais sobre levar todos seus filhos embora)
algumas pessoas diriam que para que o tal lobo roubasse as crianças elas teriam que não ser dele, mas roubo pode significar pegar algo que não é seu ou pegar algo que é de outra pessoa.
ex: digamos que sou divorciado, tenho um filho e eu vou me mudar para outro país, mas minha ex-esposa vai continuar no Brasil, mesmo o filho sendo meu, seria como um roubo se eu levasse-o para morar comigo sem que minha ex-esposa concorde, pois o filho também é dela.
_Let me back let me back
I promise to be good (mesmo sendo maltratadas, muitas das mulheres que sofrem violência doméstica ainda se sentem apaixonadas e muitas vezes caem nesse negócio de "I promise to be good")
_But I'll never see 'em again
If I squeal to the cops.(Oh! seu eu chamar a polícia eu não vou vê-lo nunca mais!...a princípio isso parece ser uma coisa boa, mas como eu já disse, talvez ela ainda esteja apaixonada e isso faça ela ainda não ter chamado a polícia).
sei lá...essa música pode significar mil coisas. esse é só o meu ponto de vista

essa tua review é ótima
faz sentindo sim, eu gostei desse ponto de vista.